terça-feira, 15 de junho de 2010

Paciência e Tolerância


No campo das qualidades humanas que podem ser exercidas e cultivadas pelo livre arbítrio e pela consciência, encontramos os conceitos de paciência e tolerância. Uma possibilidade de pensar sobre essas duas atitudes está posta, de forma sucinta, para abrir espaço de reflexão.
Paciência uma virtude, ou uma atitude de passividade? Eis a sutileza presente nos tênues limites que separam muitos aspectos determinados por nossas atitudes mentais. A comodidade, a passividade, a crença de não-merecimento podem levar a uma submissão às situações negativas, que tornam-se prisões limitadoras da expansão da alma. Entretanto, estar apto a arcar com a responsabilidade diante de agravos e desagrados nos coloca diante da experiência de uma atitude paciente. Atitude de receber o que nos chega como algo que foi co-criado por nós, neste ou em outro momento da nossa existência. Sendo assim, não nos cabe reações adversas como raiva, retaliação, estresse ou emoções equivalentes. Cabe-nos a aceitação, reflexão e uma forma pró-ativa de restituição do equilíbrio.
Essa é minimamente a proposta budista para reflexão em torno da virtude da paciência. Etimologicamente originada do Latim, a palavra remete ao sentido de possibilidade de agüentar situação adversa. Remete-nos, portanto, a estruturação pessoal para relacionar-se com situações vivenciais. Estamos no campo das atitudes mentais, logo em um campo passível ao exercício da vontade.
Outro aspecto que a nossa atitude mental pode definir é a tolerância. Também no campo das virtudes, a tolerância refere o respeito em relação às diferenças individuais e grupais, às diferenças de pensamentos, tendo em vista que somos co-participantes do mesmo micro ou macro universo. A tolerância engloba o sentido de resistir a adversidades e estende-se no sentido do respeito às diferenças. Parece possível pensar a paciência como um vetor de ação interna frente às adversidades que possibilita a vivência da tolerância, pressupondo-se flexibilidade para aceitar o que nos seja adverso, ampliando as interações.
A questão que se coloca agora é sobre os limites. Os limites que nos permitam vivenciar essas experiências sem transgredir os limites do que nos é constitutivo enquanto eu. E mais ainda, o que pode advir de resultado de ampliação e transcendência para os limites desse eu.
Alguns elementos estão apresentados para buscas nos estudos filosóficos, psicológicos, religiosos e, essencialmente, para experienciação diária, na busca da medida que seja possível a cada momento.
Texto de Graça Vieira inspirado em ensinamentos Budistas

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